sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Reforma Protestante: 490 anos depois, retrocesso

Em 31 de outubro, comemoram-se os 490 anos da Reforma Protestante, um dos maiores acontecimentos da história da Igreja, pois recolocou boa parte dos cristãos no caminho de retorno à Palavra de Deus, ao cristianismo bíblico. Contudo, infelizmente, apesar de todos esses séculos, pouco se compreende e valoriza o significado desse evento. Claro que não devemos nos prender ao passado, mas entender as implicações desse acontecimento é salutar por, pelo menos, três razões.
Em primeiro lugar, para discernirmos alguns posicionamentos do evangelicalismo hodierno. Afinal, o que é ser protestante? Se somos protestantes, o que significa isso? Em que têm reverberado até hoje os princípios reformistas? Será que estamos vivenciando atualmente, no meio evangélico brasileiro e mundial, algum retrocesso em relação à Reforma?
Em segundo lugar, conhecer o protestantismo é importante porque nos estimula a grandes empreendimentos no Reino de Deus. A história da Reforma é marcada por uma fé engajada e poderosa. A fé dos antigos protestantes e seus exemplos nos servem de inspiração para a vida cristã.
Por fim, em último lugar, saber nossa história, como se deu a trajetória da Igreja até os nosso dias, auxilia-nos a evitar equívocos futuros.
Tendo em mente isso, a partir de hoje quero dar início a uma série de três artigos sobre a importância da Reforma Protestante, artigos que serão postados ainda este mês. Este é o primeiro da série e, para começar, falaremos do atual retrocesso que boa parte dos evangélicos tem vivenciado em relação aos princípios do protestantismo.

O que é ser protestante?

O que é ser protestante?
Ser protestante é pregar e viver todos os princípios da Reforma. Quais são eles? Os principais são Sola gratia (só a graça), sola fide (só a fé), sola Scriptura (somente as Escrituras) e sola Deo gloriae (somente a Deus a glória). Esses quatro lemas básicos sintetizam as verdades de que a salvação é apenas pela graça de Deus, mediante a fé; Jesus é o único mediador entre Deus e os homens; as Sagradas Escrituras devem ser a nossa única regra de fé e prática; e só Deus deve receber adoração.
Nós, protestantes, não aceitamos o confessionário, o jejum nos moldes clericais e o celibato compulsório. Com base no que nos ensina a Palavra de Deus, não reconhecemos o primado e a autoridade papal (reconhecemos o papa apenas como um líder religioso, mas não como o representante máximo do cristianismo nem muito menos reconhecemos seus ensinos como infalíveis, seja quando fala "ex cátedra" ou não, ou mesmo em seu ofício de "repetir o magistério ordinário"). Não reconhecemos também o culto à Maria, mãe de Jesus, ou aos santos. Repugnamos a venda de indulgência (perdão) ou bênçãos, quaisquer que sejam; a supersticiosidade e o uso de iconografia na adoração (imagens); a canonização de cristãos e a salvação pelas obras; o mercantilismo da fé; a idéia do purgatório e orações ou cultos pelos mortos. Dos sacramentos ministrados pela Igreja Romana, só administramos, pela Bíblia, o batismo e a Santa Ceia, que não tem o mesmo significado e liturgia da eucaristia católica. Quanto ao batismo, há igrejas protestantes que se assemelham a Roma neste ponto, no que concerne à execução, mas não são maioria.
Sociologicamente, o protestantismo é dividido em três ramos: histórico, pentecostal e pára-protestante.
O protestantismo histórico é formado pelas igrejas constituídas a partir da Reforma. São elas a luterana, as reformadas, a presbiteriana, a anglicana, a batista, a congregacional e a metodista.
Pára-protestantes são as seitas que se originaram no meio protestante. A característica principal delas é asseverar que a doutrina que pregam, que vai além das Escrituras, trata-se de uma revelação divina especial que receberam. São exclusivistas. Nesse ramo, temos os mórmons, os adventistas e as testemunhas de jeová. De forma geral, só essas seitas protestantes são reconhecidas pela Sociologia. As demais são vistas como apêndices do pára-protestantismo.
O protestantismo pentecostal, terceiro e último ramo, é dividido pelos sociólogos em duas classes: pentecostalismo tradicional e neopentecostalismo. O pentecostalismo tradicional, do qual faz parte a Assembléia de Deus, nasceu com o mover do Espírito Santo no fim do século 19 e começo do 20. Vários protestantes de todas as denominações históricas redescobriram e receberam a experiência do batismo no Espírito Santo como bênção subseqüente à Salvação, com evidência física de se falar em outras línguas. Tal experiência significava um revestimento de poder do Alto, que possibilita ao cristão o uso de dons espirituais que há séculos haviam sido relegados pela Igreja. O título "pentecostal" é uma referência ao episódio de Atos 2, ocorrido no período da festa judaica chamada Pentecostes.
No início desse movimento, a idéia não era abrir novas igrejas, mas reavivar o fulgor protestante, fazendo com que os cristãos se voltassem a algumas doutrinas esquecidas. Como as igrejas não aceitavam tais manifestações, os cristãos "pentecostalizados", expulsos de suas congregações de origem, se agruparam e formaram outras igrejas, fazendo nascer o ramo pentecostal, consolidado durante os anos. Foi assim que nasceram as igrejas Assembléia de Deus, O Evangelho Quadrangular, Igreja de Deus, Igreja de Cristo, Assembléia de Cristo (essas três últimas são dos EUA; as brasileiras que detêm esses nomes, e não são fruto do trabalho de missionários dessas denominações norte-americanas, são neopentecostais), Igreja Pentecostal (há várias igrejas pentecostais tradicionais no mundo com esse título), etc.
Dentro do pentecostalismo tradicional, há algumas denominações mais novas que são incluídas, tais como O Brasil para Cristo (fundada em 1955) e as igrejas renovadas: Batista Renovada, Presbiteriana Renovada, Metodista Wesleyana, etc. Algumas destas últimas são um tanto recentes no Brasil, sendo mais antigas em outros países. Há outros sociólogos que classificam algumas delas como neopentecostais.
O neopentecostalismo surge na década de 70. Ele compreende denominações como a Universal do Reino de Deus, as comunidades evangélicas, os centros de evangelismo e adoração (muito comuns nos EUA), a Igreja da Graça e tantas outras. É incalculável o número de igrejas neopentecostais no Brasil. A cada semana nascem mais no nosso país. No mundo, então, é uma loucura. As igrejas neopentecostais são caracterizadas por modismos teológicos, inconsistências doutrinárias, o uso de elementos de toque na liturgia, a ênfase no exorcismo e curas, teologia da prosperidade e sincretismo religioso.
Apesar do grande número de igrejas neopentecostais no Brasil, há mais pentecostais históricos do que neopentecostais no Brasil. O problema é que a influência neopentecostal, principalmente pela mídia, é grande em nosso país, inclusive entre membros de igrejas pentecostais tradicionais.

Retrocesso

É evidente que apesar de os sociólogos terem colocado no bolo protestante seitas como os mórmons, os adventistas e as testemunhas de jeová, classificando-as como pára-protestantes, esses grupos não têm nada a ver com o genuíno protestantismo. Por quê? A partir do momento que temos como ponto fundamental da teologia protestante as Escrituras como única regra de fé e prática, e esses movimentos não observam isso, não podemos considerá-los protestantes. Há vários pontos esposados por esses grupos que se chocam frontalmente com a genuína doutrina bíblica.
Outra constatação é que o bojo neopentecostal também não pode julgar-se herdeiro da Reforma se seus princípios batem de frente com pontos básicos e inegociáveis do protestantismo. Não queremos generalizar, mas muitos desses grupos pregam e praticam coisas que envergonham o protestantismo. Em alguns casos, toda a doutrina protestante chega a ser destruída. Se não, vejamos: Não seria a promessa de felicidade, bênçãos e vitória através de uma contribuição financeira mais que generosa a volta do princípio da venda de indulgências e bênçãos? Não seria o uso de elementos como galhinho de arruda, sal grosso e copo d'água na liturgia uma volta ao misticismo medieval, tão condenado pelos reformadores? A teologia da maldição hereditária e da prosperidade não seriam um vilipêndio à doutrina da graça?

ÉTICA CRISTÃ NA ARTE DE BLOGAR


"Disse o Apóstolo Paulo " Todas as coisas me são lícitas, mas nen todas elas covêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma". ICor. 6:12.

Irmãos, achei oportuno deixar por escrito alguns princípios que podem nortear nossa conduta cristã no uso desses maravilhosos espaços digitais que são os BLOGS. Com humildade venho dizer que pelo fato de estar aqui há cerca de uns quatro anos não me arvoro no direito de conduzir o arbítrio de quem quer que seja. Não quero omitir-me, pois sei que o tempo de falar é agora.

Somos cristãos e por isso temos uma responsabilidade pessoal com o SENHOR. Estamos aqui para fazer a diferença; para somar, para não perder tempo com querelas miúdas. Bom seria que os visitantes de nossas páginas sempre encontrassem assuntos construtivos, alegres que os surpreendessem e cativassem.

Sobre tudo o que devemos respeitar penso que em Mateus capítulo cinco pode estar nosso código de ética. Três coisas ali chamam-me a atenção mais que as outras. A Paz, o sal e a luz.

"Bem-aventurados os pacificadores, pois eles serão chamados de filhos de Deus. Não estamos aqui para derramar "gasolina e acender um fogo" sobre pessoas e instituições. Isso compete aos filhos do diabo, que têm prazer em ver defeitos e enxergar maldade em tudo ( como no Livro de Jó ). Estamos aqui para construir algo. Um blog pode evangelizar em qualquer lugar do mundo, basta que se saiba inglês. Se perdermos o nosso tempo postando coisas ruins, além de afastar as palavras de Deus de nossos dedos, tornarmo-nos homens e mulheres vazios, vamos causar asco nos visitantes.

"Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo. O sal serve para duas coisas: conservar e dar um tempero equilibrado. A Luz é muito necessária hoje quando bilhões ainda estão nas trevas. Vamos ter o devido cuidado de antes de escrever alguma coisa, fazer aquela pergunta cristã: isto é edificante? Vai alegrar a alma de alguém? Não coloquei um peso excessivo nas palavras? por ventura não estou difamando as pessoas? Em tempo de tantas coisas ruins, já existem muitos porta-vozes para transmiti-las. Sugiro um espaço particular para que possamos alertar e criticar construtivamente uns aos outros.

E, por fim, todo cuidado com a política com "p" minúsculo. Toda pessoa deve exercitar-se politicamente por que há muitas injustiças e desequilíbrio social no Brasil. Mas daí, um blogueiro evangélico, usar um espaço abençoado e gratuíto desses para difamar, blasfemar, caluniar, expor pessoas ou instituições por mesquinharias políticas por vingança, eu o compararia a Judas, que depois da canalhice tentou um arrependimento que não veio. Olhe o nível do óleo da graça!

Por que a foto da caixa-preta? Os blogs são públicos; qualquer pessoa pode vê-los. Se elas não gostarem, a primeira impressão é a que fica. É nosso desejo ao "descascar" o verbo nesta postagem, que as impressões alheias sobre o trabalho de cada um de nós posam ser sempre boas e agradáveis surpresas.

Para fazer a diferença, temos que desafiar-nos uns aos outros com o propósito do bom jornalista, sempre procurando por uma foto melhor, um assunto melhor, um português melhor, uma melhor forma de apresentação do blog. Melhorar sempre! Com isto vamos conseguir, dia após dia, o respeito das pessoas.

Menos que isso, não valeria a pena.

A MULHER NÃO PODE USAR CALÇA COMPRIDA?

O único texto bíblico que fala sobre roupa de homem e de mulher, que contém uma proibição, e que os pregadores de “doutrinas” usam muito, está no Antigo Testamento, em Deuteronômio 22:5, e diz o seguinte: “A mulher não usará roupas de homem, e o homem não usará roupas de mulher, pois o SENHOR, o seu Deus, tem aversão por todo aquele que assim procede.” Leia de novo este versículo e responda: Onde está falando de calça comprida? Em nenhum lugar. E nem poderia, porque este versículo foi escrito por Moisés em 1.405 a.C. e, naquela época, não existia calça comprida. A calça comprida só surgiu na França, no final do século 19. Então, do que o versículo acima está falando? Ele está falando de vestido. Porque, naquela época, tanto homens como mulheres usavam vestidos! O próprio Senhor Jesus usava vestido. Veja nesta passagem: (Jo 19:23-24). E mesmo depois de glorificado, Jesus é descrito por João como “vestido até os pés de um vestido comprido” (Ap 1:13). Assim como, nos costumes bíblicos, há diferença entre o vestido usado pelo homem e o vestido usado pela mulher, assim também, nos dias de hoje, há diferença entre a calça comprida usado pelo homem e a calça comprida usada pela mulher. Apesar de parecidas, não são iguais. Usar calça comprida não é abominação para a mulher, porque o seu modelo é feminino e a mulher não está querendo se passar por homem. Na Escócia os homens usam saias e na África eles usam vestidos e não é por causa disto que os cristãos escoceses e africanos irão para o inferno. Compreendeu a diferença? Cada época e país têm a sua cultura. Se fosse para nos vestirmos conforme os costumes bíblicos, então todos os pregadores de doutrinas de roupas estão fora da “doutrina” e deveriam andar de vestidos, pois ternos e gravatas não existiam naquela época. Procure trajar-se com modéstia e decência, servindo ao Senhor com santidade no seu coração.

Salvação

O que a Bíblia fala sobre meios de salvação? O eunuco, evangelizado por Filipe, usou quais meios de salvação? Ele creu que Jesus é o Filho de Deus e em seguida foi batizado. O ladrão na cruz creu em Jesus Cristo e foi salvo. A Palavra diz que fazem jus à vida eterna todo aquele que crê (Jo 3.16). Jesus disse que quem nele crê não é condenado (Jo 3.18). O único meio de salvação é Aquele que é o caminho (Jo 14.6).
Participar de determinada denominação ou religião não salva. Participar de eventos religiosos não leva à salvação. Não são meios eficazes. O casamento não é meio eficaz para que sejamos salvos. O simples fato de confessarmos nossos pecados não nos leva ao céu. Muitos confessam mas continuam pecando, isto é, vivem em pecado (Pv 28.13; 1 Jo 5.18). Participar da ceia do Senhor, digerir o pão e o vinho, não produz salvação.
Necessário um novo nascimento, uma mudança, uma regeneração que ocorrem pelo arrependimento e pela fé no Senhor Jesus (Ef 2.8-9). Se não houver mudança real, mudança interior, não haverá salvação. É preciso que sejamos novas criaturas em Cristo Jesus (2 Co 5.17). O novo nascimento nasce no coração.
"Se com a tua boca confessares... e em seu coração creres..." (Rm 10.9).
Quando perguntaram a Pedro qual seria o primeiro passo ele prontamente respondeu: "Arrependei-vos" (At 2.38). Arrependimento é algo muito particular, individual e interior.
Por isso, o batismo não é meio eficaz. Se fosse, batizaríamos todos - ainda que forçadamente como fizeram em tempos passados - e todos seriam salvos. Batismo sem fé é morto, inválido, inútil. Da mesma forma, participar da ceia do Senhor sem ser realmente filho de Deus pela fé no Senhor Jesus (Jo 1.12) não significa coisa alguma. Não é meio eficaz de salvação.
Quem deseja salvar-se precisa ir a Jesus, com humildade e arrependimento, reconhecendo que é um pecador e carece da misericórdia divina (Rm 3.23). Jesus é o caminho eficaz.

ESCOLA DOMINICAL

UMA VISÃO CRISTÃ DOS
QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO



Ao longo de dez anos venho me esforçando no sentido de auxiliar professores voluntários da Escola Dominical na compreensão de matérias didático-pedagógicas. Os quatro pilares da educação é um tema bastante discutido nos meios acadêmicos em todo o mundo. Esta matéria pode tranqüilamente ser adaptada à realidade do ensino bíblico praticado na ED.

A partir de agora estarei disponibilizando parte por parte deste artigo publicado na revista Ensinador Cristão da CPAD. Boa leitura. Faça seus comentários.


No final do século passado, pesquisadores de diversas partes do mundo reuniram-se a fim de traçar um eixo condutor para a educação do século XXI. Após muitas pesquisas concluíram o trabalho sintetizando-o num famoso relatório intitulado “Os Quatro Pilares da Educação”. Em síntese, aqueles especialistas concluíram que para agir eficazmente o aluno do nosso tempo deve exibir certas competências imprescindíveis ao desenvolvimento do ser humano: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Qual a importância dessas aprendizagens para os alunos da escola dominical? Quais dessas competências podem ser observadas na prática de ensino de nossos professores? Como adaptá-las à realidade do ensino bíblico ministrado em nossas classes? Os resultados são práticos e realistas? Esses quatro pilares podem ser trabalhados com todas as faixas de idade? Vejamos:

Aprender a conhecer

O aluno aprende a conhecer quando adquire as competências necessárias à compreensão. Aprender a conhecer é o mesmo que aprender a aprender: o aluno não apenas recebe passivamente o conhecimento do professor, mas, com o auxílio deste, adquire o domínio dos instrumentos de recepção do conhecimento. Isto é, o aluno constrói o conhecimento enquanto o professor libera a capacidade de auto-aprendizagem do aluno. Isso confirma o que ensinou o teólogo e educador Kierkegaard, o educando, com a ajuda do educador, “adquire a consciência real do que ele sabe, do que ele não sabe e do que ele pode ou não pode saber”.
Nesse contexto, a aprendizagem acontece por meio da conduta ativa do aluno, que aprende quando faz alguma coisa e não simplesmente por ver o professor fazendo.
Aprender a conhecer é uma expressão de ordem que dá um basta à aprendizagem de saberes de pouca ou nenhuma utilidade. O aluno somente aprende quando o conteúdo de ensino faz parte do seu foco de interesse, necessidade e expectativas. Em vez da simples transmissão de conteúdos, o que passa a imperar são as habilidades para se construir conhecimentos. Valoriza-se o exercício do pensamento e a seleção das informações que possam ser, efetivamente, contextualizadas com a realidade. Conforme ensina o educador César Romão, “Mais vale o que se aprende do que aquilo que se ensina”.

Teologia Pentecostal

Espiritualidade Pentecostal: O que é ser espiritual? Parte 01

O que é ser espiritual? O que é espiritualidade? Como alguém se torna espiritual? Quais são os sinais de um cristão espiritual? Essas são perguntas constantes e importantes para uma vida cristã saudável. A correta definição de espiritualidade é imprescindível para qualquer crente, pois é um assunto onde há muitos equívocos. É necessário a correta compreensão dessa verdade, para que a sua prática se torne possível.

A definição de espiritualidade não é simples, pois muitos assuntos e práticas contraditórias, às vezes, são definidas como espiritualidade. Espiritualidade pode ser entendida como “um grupo de atitudes e sentimentos que são externados pela crença e valores que caracterizam uma comunidade religiosa específica”[1]. Ou seja, a espiritualidade são as manifestações externas e visíveis do homem espiritual. Mas o que é ser um homem espiritual? O homem espiritual é “literalmente, o homem controlado pelo Espírito Santo”[2], ou seja, “denota a pessoa regenerada, isto é, que tem o Espírito Santo”[3]. Em relação ao assunto é necessário compreender que:


a) espiritualidade não é o mesmo que espiritualismo.

O espiritualismo busca por práticas místicas que tem o propósito de alcançar a felicidade interior, ou seja, o místico é visto como um meio de plenitude espiritual e um meio de prazer e satisfação. O espiritualismo é comum nas diversas religiões orientas, na Nova Era e nas seitas não-organizacionais. A busca do espiritualista é a felicidade por meio de seus rituais e superstições.

A espiritualidade cristã, bíblica, ortodoxa difere do espiritualismo oriental. O homem espiritual, primeiro deseja ser santo em lugar de ser feliz, como escreveu A. W. Tozer:


A busca da felicidade, tão difundida entre os cristãos que professam uma santidade superior, é a prova suficiente de que tal santidade não se acha presente. O homem verdadeiramente espiritual sabe que Deus dará abundância de alegria no momento em que possamos recebê-la sem prejudicar a nossa alma, mas não exige obtê-la imediatamente. [4]


Assim com Tozer, Donald Gee, grande teólogo pentecostal do Século XX, escreveu sobre o fascínio da igreja atual pela busca primeira da felicidade e sua fraca espiritualidade tendenciosa a apostasia:


Pode ser que eu esteja errado, mas uma das coisas que percebo no reavivamento moderno é a grande tendência de manter a congregação feliz (...) se eu entendo a minha Bíblia, um reavivamento verdadeiro começa por fazer todos infelizes. A verdadeira felicidade começa com a infelicidade, com a preocupação dos pecadores. Outra coisa que me preocupa é a apostasia fácil hoje em dia. Meu receio é que da mesma maneira rápida como as pessoas vêm, elas se vão.[5]


Hoje é muito comum as pessoas buscarem o poder de Deus para se sentir bem ou com auto-estima. Buscam poder dos céus para se sentirem poderosos na terra. Essa é uma falsa espiritualidade. Nesse fascínio do prazer e hedonismo espiritual, as pessoas optam por práticas estranhas as Escrituras, como cantar “hinos” que parece mais uma “mantra” gospel ou se refugiam em retiros espirituais, onde as experiências novas e exóticas são valorizadas como um meio de comunhão com Deus. São cristãos que perderam o foco, pois trocaram o essencial pelo secundário.

A versão evangélica espiritualista é uma pessoa cheia de rituais, superstições e práticas estanhas ao Evangelho. O espiritualista gospel necessita de uma “fé” visível, palpável, ritualística; onde os “pontos de fé” são enaltecidos como um meio de alcançar bênçãos. São pessoas que restringem o relacionamento de Deus a situações espetaculares, vide a Bênção de Toronto.

O coração e o caráter cristão não é moldado em uma “reunião de avivamento”, ou com uma experiência espiritual instantânea. As experiências são capacitadoras para o serviço cristão, mas não moldam o caráter. Somente um relacionamento permanente, contínuo, sólido e baseado nas Escrituras, possibilitam o crente a desfrutar do Fruto do Espírito, que nada mais é do que o modus vivendi de Jesus sendo manifestado na vida do cristão. Então para ter o caráter de Cristo, não se deve buscar atalhos no espiritualismo, mas sim, continuamente permanecer em Cristo.

O espirituoso acha que ser espiritual é rezar em cima de milhos ou orar nos montes dos gravetos de fogo. O espirituosos definem espiritualidade pelo barulho, onde há muito barulho há muitos espirituais, por isso necessitam de um fé movida pelo espetáculos evangélicos e congressos shows, onde o circo é montado para entretenimento das massas.



b) espiritualidade não é o mesmo que legalismo.


Muitos confundem vida espiritual com legalismos. Pois se elas usam saias nos pés ou usam gravatas em todos os cultos, acham que isso é a essência da santidade. Legalismo é atribuir o favor divino e a salvação as obras praticadas. Infelizmente, há aqueles que acham que por “pagar o preço”, dos quais não são ordenados nas Escrituras, irão morar no céu ou alcançar bênçãos!

Ser espiritual não é ficar com “cara de piedoso” ou se restringir do bom lazer e saudáveis diversões. Ser espiritual não é usar saias nos pés e esquecer que a essência está na moderação. Ora, moderação é sinônimo de equilíbrio, portanto, quando Paulo (I Tm 2.9) e Pedro (I Pe 3.3) apelam para a moderação, eles estão apelando para o equilíbrio. Será que mini-saias ou roupas de muçulmanas é pautar pelo equilíbrio? Não seria esses os extremos perigosos da liberalidade e do legalismo? Esses extremos cortam uma verdadeira espiritualidade!

Há aqueles que pensam que ser espiritual é ter uma linguagem do “evangeliquês”. São pessoas que sempre usam chavões “bíblicos”, como chamar um irmão de “varão, bênção” ou vivem falando em voz de choro ou gritando com um desesperado.

O legalismo tenta moldar a espiritualidade para aspectos exteriores e não essenciais. Quando a bíblia adverte para um espírito quieto, humilde, moderado e um corpo com pudor e modéstia, o legalismo que medir os centímetros das roupas e definir que a beleza e o cuidado equilibrado do corpo não é importante. Ser legalista é um impedimento para verdadeira espiritualidade!


Continua...


Referências Bibliográficas:


01- ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p 287.


02- GILBERTO, Antonio. Verdades Pentecostais. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.


03- STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. p. 1738


04- TOZER, A. W. Sinais do homem espiritual. Revista Obreiro. Rio de Janeiro: CPAD, ano 12, n° 48, Julho-Setembro, 1989, p 5.


05- GEE, Donald. Depois do Pentecostes. São Paulo: Editora VIDA. Cit. por GONÇALVES, José. Espiritualidade, Avivamento e Equilíbrio. Revista Manual do Obreiro. Rio de Janeiro: CPAD, ano 27, n° 29, Janeiro-Março, p. 40-45.